h.d.mabuse on Fri, 2 Aug 2002 18:44:06 +0200 (CEST) |
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[nettime-lat] Remixando a industria fonografica |
Remixando a industria fonografica ========================= Por Paulo Rebelo 18h - 22 de julho de 2002 Cansado do modelo comercial estabelecido pelas gravadoras, um grupo de artistas brasileiros se une para criar um novo caminho. Por Paulo Rebelo. http://busca.terra.com.br/wired/cultura/02/07/22/cul_1.html RECIFE - Aos olhos de muitos artistas, a musica popular como forma de prazer e arte deixou de existir no Ocidente ha bastante tempo. A mistura da musica e comercio nao e nada de novo, mas o surgimento da troca de arquivos na Internet chamou a atencao para os problemas desse casamento de uma forma jamais vista. Agora, um grupo de musicos, engenheiros de software, DJs, professores, jornalistas e entusiastas da informatica, que batizaram sua causa de Re:combo (www.recombo.art.br) resolveram se rebelar contra as atuais regras de direito autoral estabelecida pela industria da musica. O Re:combo (pense na recombinacao da musica) se baseia em duas ideias: compartilhar o trabalho de fazer musica de graca, e convidar pessoas do mundo inteiro para criar algo diferente. Os membros do Re:combo criam musica e a compartilham de graca no site usando o formato MP3. "As pessoas sao convidadas a nao apenas baixar os arquivos, mas tambem modifica-los, criando amostras diferentes, remixes e coisas assim", diz Miguel Pedrosa, cantor e professor de Historia. "Ou seja, criar experiencias musicais diferentes com estilos e sons diferentes". O grupo esta sendo desenvolvido em cidades como Recife, Caruaru, Joao Pessoa, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Sao Paulo. Alem disso, a Re:combo radio permite que os membros executem seus trabalhos ao vivo para o publico, com um conjunto completo de musica eletrônica, imagens, videos e sons. Algumas semanas antes de cada apresentacao, o Re:combo faz uma convocacao, usando foruns e listas de discussao pra convidar as pessoas a enviarem sons e imagens que serao sampleados e apresentados ao publico durante o show. Ja que cada apresentacao de radio e adaptada às necessidades do publico, servindo a objetivos especificos, cada performance e uma experiencia inedita. De acordo com os membros, o Re:combo tem recebido muito material, especialmente da Romenia e outros paises do Leste Europeu. "Investigamos (...) as politicas de direito autoral porque acreditamos que elas estao todas erradas", diz Hd Mabuse, designer e um dos fundadores do Re:combo. "Os artistas famosos vivem de seus shows e de suas aparicoes na TV, e nao da venda de seus discos. As gravadoras ficam com quase tudo, deixando apenas uma porcentagem ridiculamente pequena para o artista, que nem detem a gravacao e precisa estar cercado de restricoes contratuais. E nao somos os unicos a pensar assim". Com a febre da Copa ainda presente, dois dos arquivos mais baixados do Re:combo sao remixes de uma classica marchinha de futebol. Os remixes se chamam Delirio Ufanista, e incluem as versoes 1 e 2. As mais recentes estao disponiveis no site do Re:Combo. "Quando comecamos, estavamos mais para um projeto musical contra o sistema de direitos autorais - acreditamos que o artista e quem deve ser o dono de sua producao intelectual e o responsavel por decidir o que sera feito com ela, nao as gravadoras ou as companhias de midia", diz Haidee Lima, fotografa e designer. "Na verdade, porem, o Re:combo se tornou uma iniciativa solida relacionada a diferentes tipos de conteudo, inclusive Web art, video digital e software. Acrescenta Mabuse: "Acreditamos na possibilidade de artistas criarem musica, arte e cinema de forma cooperativa, aberta e livre - ganhando dinheiro com seu trabalho, e claro, mas sem os contratos malucos que vemos hoje". Mabuse tambem disse que os direitos autorais sao uma invencao recente, criada para proteger os editores e nao os autores. Mesmo no setor editorial, e o editor que detem os direitos de copia, e nao o autor do livro. Na industria fonografica, as musicas pertencem à gravadora e nao ao artista. "As regras da industria estao de cabeca para baixo. No entanto, existem muitos artistas ai fora que cooperam e fingem nao ter conhecimento da situacao atual", diz Lima. "Sempre havera aqueles que querem se tornar milionarios da noite para o dia, com zilhoes de fas os idolatrando no mundo todo. Eles querem ser Madonnas e Michael Jacksons. Por quanto tempo? Tres, seis meses, ate o proximo aparecer?" "Se a situacao continuar do jeito que esta hoje", acrescenta Lima, "as gravadoras vao entrar em colapso. E os artistas ligados a elas tambem". ---------- www.recombo.art.br _______________________________________________ Nettime-lat mailing list Nettime-lat@nettime.org http://amsterdam.nettime.org/cgi-bin/mailman/listinfo/nettime-lat